Destaques da simbologia, história, arte e arquitetura em o Código da Vinci
Paris mostra-se como local favorito e sonho de muitos, porém dentre vários fatores a cidade não me tocou dessa forma. Quando falam bem ou mal de certa coisa, prefiro tirar as minhas próprias conclusões. Entretanto considero que minha experiência em Paris não foi de tal forma tão intensa a ponto de formar uma opinião sobre a cidade, fazendo com que as impressões negativas se sobrepusessem diante dos acontecimentos. De todos os lugares visitados na Europa , é o único que deixou esse vazio no sentido de conhecimento da cidade e talvez uma necessidade de voltar e perceber toda essa magnitude que tantos falam.
Lendo o Código da Vinci, de Dan Brown, além de estar muito acima de mero romance policial, como destacado por Nelson DeMille e ser uma leitura realmente fascinante, várias sensações foram despertadas em relação aos lugares que conheci e aqueles que não. Esse tipo de sensação relacionada aos lugares em que estive tem sido bem frequente desde que retornei ao Brasil. Desde o início da faculdade, quando assistia às aulas de teoria da arquitetura e urbanismo me deparava com aquela vontade imensa de conhecer aqueles lugares os quais eu estava estudando sobre. Agora, contudo, acontece o oposto. Tenho uma sensação ainda mais incrível quando os professores citam ou leio sobre algum local em que já estive, ou algo que já vi. E é exatamente essa sensação que sinto lendo agora “O Código da Vinci”, algo que ainda não consegui nomear. Diferente de tudo isso, está a sensação de não ter conhecido Paris muito bem , a partir disso esse livro me mostra também alguns aspectos que perdi da cidade que serao citados de acordo com as passagens do livro.
"O famoso Jardim de Tuileries – a versão parisiense do Central Park. A maior parte dos turistas costumava achar que o lugar se chamava Tuileries por causa dos milhares de tulipas que florescem ali, mas, na verdade, era uma referencia literal de algo bem menos romântico. Aquele parque fora antes um enorme buraco poluído resultante de uma escavação, do qual os empreiteiros de Paris retiravam argila para fabricar as famosas telhas vermelhas da cidade – ou tuiles.
"O famoso Jardim de Tuileries – a versão parisiense do Central Park. A maior parte dos turistas costumava achar que o lugar se chamava Tuileries por causa dos milhares de tulipas que florescem ali, mas, na verdade, era uma referencia literal de algo bem menos romântico. Aquele parque fora antes um enorme buraco poluído resultante de uma escavação, do qual os empreiteiros de Paris retiravam argila para fabricar as famosas telhas vermelhas da cidade – ou tuiles.
(...) Foi nesse jardim que Claude Monet fez suas experiências com formas e cores e literalmente inspirou o nascimento do movimento impressionista.
(...) ao final do Jardim das Tuileries, assinalado por um arco de pedra gigantesco. O Arco do Carrossel. Apesar do rituais orgiásticos que antigamente aconteciam no Arco do Carrossel, os aficionados da arte reverenciavam aquele lugar por um motivo totalmente distinto. P 24
Da esplanada no final do Jardim de Tuileries podiam-se ver quatro dos melhores museus de arte do mundo...um em cada ponto cardeal.
Da Janela da direita, para o sul, do outro lado de Sena, e do Cais Voltaire, Langdon enxergou a fachada dramaticamente iluminada da velha estação ferroviária – agora o estimado Museu d’Orsay. Olhando de relance para sua esquerda, podia divisar o alto do ultramoderno Centro Pompidou, que abrigava o Museu de Arte Moderna. Atrás dele, a oeste, Langdon sabia que o antigo obelisco de Ramsés se erguia acima das árvores, assinalando O Museu du Jeu de Paume.” P 25
Pude visualizar o Museu D’Orsay e o Centro Pompidou apenas externamente e esses constituem-se em dois itens da minha lista de decepção por não ter explorado melhor. Sabe-se que não tendo muito tempo e principalmente dinheiro enquanto estudantes, temos que privilegiar uns a outros.
“Mas era bem ali à sua frente, a leste, do outro lado do arco, que Langdon agora via o monolítico palácio renascentista que havia se tornado o mais famoso museu do mundo. O Museu do Louvre. Langdon sentiu uma pontada familiar de deslumbramento quando seus olhos fizeram uma fútil tentativa de absorver totalmente o imenso edifício de uma só vez. Em frente a uma esplanada inacreditavelmente ampla, a fachada imponente do Louvre erguia-se como uma cidadela contra o céu parisienese. Com o formato de uma imensa ferradura, O Louvre era o edifício mais comprido da Europa, estendendo-se além do comprimento de três torres Eiffel colocadas uma em cima da outra. Nem mesmo a esplanada de milhares de metros quadrados entre as alas do museu chegava perto da imponência das dimensões da fachada. Langdon certa vez percorrera todo o perímetro do Louvre, uma caminhada inacreditável de quase cinco quilômetros.
Apesar de se calcular que um visitante levaria cinco semanas para apreciar adequadamente as 65.300 obras de arte desse edifício, a maioria dos turistas escolhia um passeio ao qual Langdon se referia como “Louvre Light” – uma passagem rápida pelo museu para ver os três mais famosos objetos: A Mona Lisa, a Venus de Milo e a Vitória Alada” P 25
Uma descrição minuciosa do que é o Louvre e de como é a sensação de visitá-lo. Depois de andar cerca de cinco horas pelo museu eu já não conseguia mais admirar as obras diante de tamanho cansaço.
"A nova entrada do Louvre havia se tornado quase tão famosa quanto o museu em si. A controvertida pirâmide de vidro neomoderna projetada pelo arquiteto americano nascido na China I.M.Pei ainda evocava a zombaria dos tradicionalistas, segundo os quais ela agredia a dignidade do pátio renascentista. Goethe havia descrito a arquitetura como música solidificada, e os críticos de Pei descreveram aquela pirâmide como atrito produzido pelas unhas contra um quadro-negro. Os admiradores progressistas , no entanto saudaram a pirâmide transparente de Pei , com 22 metros de altura, como sinergia deslumbrante entre estrutura antiga e método moderno. Um vínculo simbólico entre o antigo e o novo, conduzindo o Louvre para o novo milênio”
“Dizia-se que o falecido presidente Frances que havia mandado construir a pirâmide sofria de um “complexo de faraó”. O único responsável por encher Paris de obeliscos, artes e artefatos egípcios, François Mitterrand tinha uma afinidade tão obsessiva pela cultura egípcia que os franceses ainda hoje se referiam a ele como Esfinge.” P 26
“(...) essa pirâmide, a pedido explícito de Mitterrand, havia sido construída com exatamente 666 vidraças – um pedido esquisito que sempre fora tópico de debates acalorados entre aficionados da conspiração que alegavam ser este, 666, o número de Satã.” P 28
“ Langdon teve um vislumbre da pirâmide menos conhecida do Louvre – A Pirâmide Invertida-, uma imensa claraboia que pendia do teto como uma estalactite em uma parte contígua do mezanino.” P 29
“Não só alimentava uma paixão pessoal por relíquias que se relacionavam à fertilidade, cultos à deusa, Wicca e o sagrado feminino, como durante seu mandato de 20 anos como curador havia ajudado o Louvre a reunir o maior acervo de arte da deusa no mundo – machados duplos tipo labrys do santuário grego mais antigo das sacerdotisas em Delfos, varinhas de ouro em forma de caduceu, centenas de ankhs Tjet que lembravam pequenos anjos em pé, chocalhos egípcios chamados sistros usados no antigo Egito para afastar espíritos maléficos e uma quantidade impressionante de estátuas que representavam a deusa Ísis amamentando o filho Hórus.” P 30
“Crux gemmata – uma cruz com 13 gemas-, o ideograma cristão que representava Cristo e os 12 apóstolos. “p 32
“A vigilância com câmeras em um museu daquele porte era proibitiva em termos de custo e ineficaz. Com quilômetros e quilômetros de galerias para vigiar, O Louvre exigiria várias centenas de técnicos simplesmente para monitoras os filmes. A maioria dos museus hoje em dia usa “segurança por retenção”. Nada mais de manter os ladrões longe. O negócio é não deixar sair. A retenção era ativada depois do expediente, e, caso um intruso removesse uma obra de arte, saídas compartimentadas se lacrariam em torno da galeria, de modo a prender o ladrão antes de a polícia chegar.” P 33
“Embora a Grande Galeria abrigasse a mais famosa coleção de arte italiana do Louvre, muitos visitantes achavam que a mais famosa atração que a galeria oferecia era na verdade seu piso de parque. Disposto em um padrão geométrico deslumbrante, formado de tacos decarvalho diagonais, o piso produzia uma ilusão de ótica passageira – uma rede multidimensional que dava aos visitantes a sensação de estarem flutuando ao longo da galeria sobre uma superfície que mudava a cada passo.” P 39
É interessante como narra os pensamentos do personagem e mescla o romance com os fatos como a existência do Priorado de Sião, o Opus Dei e suas práticas, e principalmente o que mais me fascina, as descrições de obras de arte, arquitetura, documentos e rituais secretos que correspondem rigorosamente à realidade.
“É um pentagrama – um dos símbolos mais antigos da Terra. Usado mais de quatro mil anos antes de Cristo.
(...) Dizer o que “significava” um símbolo era como dizer como uma canção deveria fazê-los se sentir – era diferente para cada um. Um capuz branco da Ku Klux Klan conjurava imagens de ódio e racismo nos Estados Unidos, mas aquela mesma peca da indumentária trazia um significado de fé religiosa na Espanha.
- Os símbolos tem significados diferentes em lugares diferentes(...). Antes de mais nada, o pentagrama é um símbolo religioso pagão.p 42
(...)
Hoje em dia o termo pagão se tornou quase um sinônimo de adoração ao demonio . um erro grosseiro. As raízes dessa palavra remontam ao latim paganus, que significa “habitante do campo”. Os “pagãos” eram literalmente pessoas do meio rural que não haviam recebido ensinamentos cristãos e que se apegavam às velhas religiões da natueza. De fato, tão grande era o medo que os cristãos sentiam daqueles que viviam nos vilarejos rurais, que a palvra antes inócua para indicar “morador da vila” – vilão – passou a significar “malfeitor”.
- O pentagrama – esclareceu Langdon – é um símbolopré-cristao relacionado com a adoracao `Natureza. Os antigos viam seu mundo dividido em duas metades: a masculina e a feminina. Seus deuses e deusas agiam no sentido de manter um equilíbrio de poderes. Yin e yang. Quando masculino e feminino estavam equilibrados, havia harmonia no mundo. Quando se desequilibravam, estabelecia-se o caos. – Langdon indicou o estomago de Saunière. – esse pentagrama representa o lado femininode todas as coisas – um conceito religioso que os histoiadores chamam de “o sagrado feminino” ou “a divina deusa”. (...)
-Em sua interpretação mais específica, o pentagrama simboliza Venus – a deusa do amor sexual e da beleza.
(...)
-Cada religião se baseava na ordem natural divina. A deusa Venus e o planeta Venus eram uma só coisa. A deusa tinha um lugar no céu noturno e era conhecida por muitos nome: Venus, Estrela Oriental, Ishtar, Astarte – todos poderosos conceitos femininos vinculados à Natureza e à Mãe Terra.” P 43
Lendo este trecho me veio a mente a grande porta do do eixo principal do Jardins suspensos da Babilonia, chamada Porta Ishtar ou Astarte.
“Propriedade mais espantosa do pentagrama – a origem gráfica de seus vínculos com Venus. Quando jovem estudante de astronomia, Langdon ficara espantado de saber que o planeta Venus descrevia um pentagrama perfeito através do plano eclíptico do céu a cada oito anos. Tão assombrados ficaram os astrônomos ao observarem esse fenômeno, que Venus e seu pentagrama passaram a ser considerados símbolos da perfeição, beleza e das qualidades cíclicas do amor sexual. Como tributo à magia de Venus, os gregos empregaram seu ciclo de oito anos para organizar seus jogos olímpicos. Hoje em dia, poucas pessoas percebem que o intervalo de quatro anos entre as Olimpíadas modernas ainda corresponde à metade dos ciclos de Venus. Ainda menos pessoas sabem que a estrela de cinco pontas quase havia de tornado o símbolo oficial das Olimpíadas, mas foi modificado na última hora – suas cinco pontas substituídas por cinco anéis que se interceptavam, para melhor refletir o espírito de inclusão e harmonia dos jogos.”P 43 e 44
(...)
“Os símbolos são muito flexíveis, mas o pentagrama foi alterado pela Igreja Católica Romana primitiva. Como parte da campanha do Vaticano para erradicar as religiões pagas e converter as massas ao cristianismo, a Igreja lançou uma campanha de desmoralização dos deuses e deusas pagãos, definindo seus símbolos divinos como símbolos do mal.
(...)
Isso é muito comum em épocas de conturbações – continuou Lnagdon. – Um poder emergente se apodera dos símbolos existentes e os degrada com o passar do tempo para tentar eliminar.lhes o significado. Na batalha entre os símbolos pagãos e os símbolos cristãos, os pagãos foram derrotados; o tridente de Posseidon se tornou o tridente do demoni,, o chapéu pontudo do mago se transformou no símbolo das bruxas e o pentagrama de Venus se tornou símbolo demoníaco. “p 44
continua...
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