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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Viagem à Brasília - DF


A visita técnica realizada em Brasília nos dias 13 e 14 de Novembro de 2010 proporcionaram-me de imediato a mesma sensação que o cosmonauta Yuri Gagarin teve, dizendo sobre a mesma: “A impressão que tenho é de estar chegando em um planeta diferente”. Essa impressão não foi criada somente pela observação das grandes obras e monumentos, mas também, e principalmente, pela estrutura e organização da cidade que influenciou todo o tipo relação em sociedade.
O primeiro fato que me chamou a atenção foi logo quando ia tirar o pé da calçada para atravessar a rua. Avistei logo uma faixa de pedestres e como num passe de mágica todos os carros pararam para que pudéssemos atravessar. Quando olhei para o chão descobri qual era o truque:

           

Esse tipo de atitude não é esperada atualmente da sociedade brasileira. Somente uma cidade muito organizada pode chegar a um nível de civilização capaz de mobilizar os habitantes a tal ponto.
O primeiro local a ser desvendado, pois até então para mim tudo parecia muito novo e distante do real, algo muito idealizado, foram as superquadras. Essas são totalmente deslocadas da cidade em si e estruturadas para atender à população que ali vive. Conta com edifícios de seis pavimentos e pilotis, escolas para os diversos níveis de aprendizado, capela, academia, espaço de convivência, esporte, cultura e lazer. O clima realmente é de puro bucolismo, a verdadeira fuga da cidade, sentido pelo paisagismo proporcionado pelas cercas vivas que também conferem segurança e pelas árvores frutíferas, palmeiras imperiais e coqueiros.
No entanto, mesma que tenha sido toda planejada e até hoje diante da ameaça do crescimento e da expansão Brasília tente tomar os devidos cuidados, sua divisão em setores não é exatamente o que afirmou Lúcio Costa: “O monumento ali é o próprio conjunto da coisa em si”. A cidade foi pensada em escalas sim, porém a escala humana foi totalmente esquecida ao adentrar o centro de decisão e do poder, a cidade política, monumental e extraordinária. Não há bem definido essa idéia de conjunto, parece-me na verdade uma grande separação de núcleos, como diz o arquiteto Paulo Henrique Paranhos sobre a busca do funcionamento do edifício e da cidade como um “continuum”. Mesmo que as superquadras sejam muito bem estruturadas, ligadas a um pequeno comércio há uma completa exclusão do cidadão da “cidade monumental”, um exemplo disso é a impossibilidade de se poder andar a pé, pois tudo é muito longe, mesmo o que seria relativamente perto, e nem existem calçadas durante longas distâncias.


Extraordinária não somente porque nos impressiona como disse o próprio Oscar Niemeyer nesta passagem :“ São prédios públicos, sei que meus irmãos mais pobres nada vão dele usufruir, mas se forem bonitos e diferentes, vão parar para vê-los, será para eles um momento de surpresa e encantamento”, ou nesta outra: “Vocês vão ver os palácios de Brasília, deles podem gostar ou não, mas nunca dizer terem visto antes coisa parecida”, mas  principalmente porque não considera a vida cotidiana, as pessoas comuns, a parte que engloba o eixo monumental e a praça dos três poderes são vistos realmente como um mundo fantástico.

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