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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Novas aventuras no velho mundo

Vou começar outra jornada e guardar meus sentimentos e impressões neste blog  novamente pois depois de passado algum tempo não consigo mais expressar fielmente o que sinto.
Para começar utilizarei meu post no facebook quanto estava na sala de espera do aeroporto:


"É... Estou eu aqui de novo! Dessa vez cheguei cedo no aeroporto, tá dando até tempo de escrever isso aqui! Há 3 anos atrás na mesma época meu avô havia falecido 2 meses antes da minha viagem para a Alemanha! Ele não queria que eu fosse porque tinha medo de morrer enquanto eu estivesse lá ... Agora, 3 meses antes dessa viagem a história se repete. Minha mãe, meu Pintinho, faleceu no mesmo dia do meu vô beleza, e ela não queria que eu fosse para a Suíça pois queria que eu ficasse perto dela! O destino nos separou independente dos meus planos, mas fez perceber ainda que a distância que nos separa nunca existiu! Estaremos sempre juntos, em qualquer dimensão! ..."
Ps: dessa vez tivemos ajudinha do GPS para chegar :) apesar de meu pai não confiar nele, rs
Ah, tentei reservar franco suíço em casa de câmbio um dia antes e não foi possível, só reservam com 48h de antecência, já que não é uma moeda tão comum. Contudo, na casa de ambio do aeroporto de Confins foi possível trocar na hora sem reserva.



A viagem foi bem tranquila com muito conforto. O vôo até Lisboa durou apenas 9h + 2h de Lisboa pra Genebra, esse não foi o problema.
 Dessa vez meu companheiro de viagem foi o Bernardo. Ele estuda engenharia civil na UFMG e está indo fazer intercâmbio na Alemanha pelo CSF perto de Munique, o nome da cidade me esqueci, rs. Ele foi bem simpático e ficamos descobrindo como as coisas funcionavam, como o controle. a tela de ecrã e onde colocar o fone, até parecia que eu era marinheira de primeira viagem. Incrível como esse vôo estava cheio de intercambistas do CSF, inclusive a Nicole (Miss-Escolhe) estudante de Ouro Preto, moradora da Pecado Original. A Nicole eu conheci numa carona que pegamos depois da aula uma vez mas isso ela nem lembra, acho que só lembra de mim nas aulas de alemão na Fundação Gorceix, haha.
Dessa vez comprei minhas passagens pela CI que oferece tickets mais baratos para estudantes. 
Chegando em Lisboa tive essa bela visão na sequência de fotos. Fez-me lembrar de minha monografia.





Contudo a viagem de Belo Horizonte para Genebra com escala em Lisboa  teve um tempo muito curto para a troca de aeronaves. Cheguei às 5:50 em Lisboa e tivemos que esperar no avião para entrar no ônibus e então sermos levados  ao controle de imigração. Isso demorou um pouco, acredito que cheguei por volta das 6:20 e estava lotado. Fui atrás dos funcionários que ficam chamando os vôos urgentes já que minha conexão era às 7:05 e eles não me deixaram passar. Um casal indo pra Genebra chamou a funcionária às 6:45 e disse sobre o vôo, ela os passou pra frente mas eu não. Depois fui conversar com ela e a mesma disse que eles não conseguiram embarcar de qualquer forma pois o portão já estava fechado. Tinham umas senhoras muito simpáticas na fila indo para Copenhague (fiquei olhando pra elas e imaginando minha avó Nadir viajando como elas porque custa sair de casa até pra tomar sol) e elas ficaram preocupadas com minha situação. Até então eu estava tranquila pois a TAP teria que arrumar outro vôo para mim, foi nessa hora que uma delas disse: "e as suas bagagens?" ... é, eu não sabia bem o que ia acontecer. Depois disso tive que esperar para a TAP Portugal conseguir um vôo pra mim para Genebra pela Swiss. Mas antes disso encontrei uma brasileira pedindo informação a uma funcionária da TAP pois havia perdido seu vôo para Hamburgo, e eu cheguei e disse que eu também e assim nos deram cartões telefônicos enquanto nada se resolvia. O nome dela é Rosângela e mora em Belém do Pará. Ela estava indo encontrar a que está grávida de 9 meses. A funcionária disse para ligarmos primeiro e tentar resolver nossa situação que a fila deveria estar menor quando voltássemos. Doce engano! Fomos nós duas juntas procurar telefônico público. Ela viu que minha bagagem estava muito pesada e colocou em sua mala de rodas para puxarmos. Ficamos nos atracando com o telefone público que mal funcionava até finalmente conseguirmos ligar e infelizmente conseguirmos apenas uma caixa postal. Deixei recado para a Laura que seria quem me encontraria em Genebra para me dar orientações, ela é membro do comitê IAESTE. Quando voltamos a fila já estava bem maior. Fiquei na fila e Rosângela saiu para ligar para sua filha, felizmente conseguiu. Depois que voltou foi a minha vez. Consegui falar com Laura e expliquei que ainda não sabia o que aconteceria comigo. Procurei por vôos da TAP na internet e para Genebra somente de Porto no dia seguinte, pensei então que ficaria em Porto um dia, nem estava achando ruim rs. 
MUITO IMPORTANTE: dessa vez não fiz o cartão VTM mas sim o ISIC CARD com função de débito na bandeira mastercard, primeiro porque Visa não era muito utilizado quando morei na Alemanha, segundo porque como não terei uma carteirinha universitária como tive da outra vez a carteirinha de estudante internacional faz-se extremamente necessária, terceiro porque ela funciona como dois em um, visto que VTM também não oferece cartão em franco suíço. As taxas entre ambas são as mesmas. Com o ISIC CARD foi possível resolver o que precisava no momento.
Quando voltei a fila estava assim:

Fila no Guichê daTAP



Fiquei sentada no chão carregando meus meios de comunicação enquanto a Rosângela seguia na fila. É muito bom encontrar pessoas que você possa contar.


No guichê da TAP me disseram para ir pegar minhas bagagens e então fazer o novo check in, contudo fui no achados e perdidos da Groundforce e disseram que minha bagagem sairia dentro de 30 min. Entretanto fiquei cerca de uma hora lá e nada. Conversei com as funcionárias da GroundForce e me disseram que seria melhor eu não perder outro vôo, ir sem as bagagens que as mesmas seriam enviadas para mim, que eu deveria ir no achados e perdidos quando chegasse em Genebra. Depois de fazer o check in tentei retornar à area de bagagens mas eu não podia entrar sem um papel autorizando. Para tanto tive que ir ao guichê externo da GroundForce, contudo peguei uma senha às 12:21 e quando era 12:40 ainda não havia sido chamada, mesmo que eu tenha tentado falar com a atendente. Com isso, fui embora para não perder mais um vôo já que o mesmo partia as 13:25. 
Quando cheguei em Genebra fui no achados e perdidos, então pediram para eu ver se minha bagaem chegaria junto com as outros do vôo que vim pois não haviam recebido mensagem de Lisboa. Esperei e nada. Retornei, procurei entre as bagagens perdidas abandonadas e não achei. Então registramos a perda de minhas bagagens. As mesmas seriam entregues em casa. Pensei: "Até que não é tão ruim assim, pelo menos não terei que carregar esses dois chumbos mais o "chumbo"de mão até lá. 
Fiquei esperando a Laura sair do trabalho pra nos encontrarmos. Quando estava saindo da área de desembarque peguei dois free tickets em uma máquina para transporte local em Genebra, embora não fosse usar, mas para prevenir como Laura aconselhou.
Laura me ajudou a comprar o ticket para Lausanne e me explicou toda a rota que faria, quando trocaria de plataforma, quando e onde pegaria o ônibus e o tempo certinho de tudo. Ela foi comigo até a estação central de Genebra e de lá segui sozinha. É ótimo ter alguém certo para nos ajudar pois quando fui para Alemanha tive que me arrumar sozinha.
Durante a viagem ia observando a paisagem mas não sentia aquela emoção que senti há dois anos atrás. Não sei bem porque mas a minha motivação para minha mudança foi diminuindo aos poucos, desde que retornei há 2 anos atrás com uma imensa saudade até o falecimento de minha mãe, onde tudo virou uma bagunça na minha cabeça. A partir de então, sem motivação, só fazendo o que eu achava que deveria fazer, mas continuo escrevendo para me lembra desses momentos, para ajudar outras pessoas e para contar aos que se interessarem! Espero que eu me anime mais com o tempo.
Chegando em Prilly tive que encontrar o ponto de ônibus mas não tinha entendido muito bem a máquina de tickets, pedi ajuda arranhando o francês e a madame me disse que era do outro lado, contudo me ajudou acomprar o ticket ... só que a máquina engoliu minha moeda, por sorte eu tinha outra de 2CHF. Fui para o outro lado e enfim deu certo.
Chegando no ponto não sabia para que lado era mina casa,  eis que descubro que existe wifi grátis nas ruas deste bairro. Isso é magnífico! Ah, e somente nas ruas! Se entrar em uma loja ou em casa o wifi já não funciona mais. Então utilizei o GPS e perguntei para o Miguel, espanhol com quem estou morando, se poderia me encontrar no ponto de ônibus, mas até obter resposta fui andando. Sentei um pouco para descansar e respondê-lo até que sai um rapaz do prédio e escuta o GPS dando coordenadas. Eu não sabia mas já estava em frente ao prédio, e o rapaz era o Miguel que me reconheceu pelo GPS em português!
Miguel me explicou tudo como funciona em casa. Ah, estou no quarto do Rafael, um brasleiro que fez IAESTE  na Dinamarca e depois acabou vindo trabalhar aqui e faz parte do comit~e do IAESTE de Lausanne, mas agora trabalha na França e retorna  alguns finais de semana à Suíça. Ele retornará em Dezembro, então minha estadia aqui é temporária, preciso conseguir outro lugar para morar. Como estava tudo fechado fui comprar uma pizza aqui perto, pequena que em reais custou R$52 o.O. Bom, sem minhas coisas, sem lenço mas com documento tentei me virar com o que tinha na mala de mão, mas calçado, somente a bota num tremendo calor que está aqui.
no dia seguinte acordei bem tarde pois precisava descansar. Quando resolvi sair de casa para resolver alguma coisas descobri que o banco postal (La Poste) é em frente a minha casa em um shopping aqui com bastante coisa útil. Tentei abrir uma conta mas preciso de me registrar no controle de moradores primeiro. E para a minha surpresa, era na mesma rua. Estava tudo tão fácil que até assustei. Lá foram muito simpáticos e muito menos burocráticos que alemães, mas preciso de uma declaração do dono da casa pra poder me registrar. 
Na rua todos os carros param para passarmos, quando não há sinal mas faixa de pedestre, vou ficar mal acostumada. Ia voltando para comprar umas coisas quando um rapaz loiro disse: "Je te déteste! T'as compris?" o que significa "Eu te odeio! Você entendeu?". Continuei andando, pensei que não era pra mim pois ele estáva com os amigos, pensei que era uma brincadeira entre eles e passei pelo outro lado pois estava errando o caminho. Ele então disse novamente e cuspiu em mim. Por sorte não pegou, eu estava de costas e só vi o cuspe passando, não tinha como mais pensar que não era comigo. Acho que trata-se de um neonazista, nem na Alemanha isso aconteceu comigo, foi a primeira vez que fui vítima de preconceito, isso foi horrível! Nem tudo de bom que me aconteceu hoje foi capaz de reverter a situação. Fiquei muito triste mesmo. Que pessoa atrasada, que idiota! Contei para o meu namorado, eu estava chorando sem parar e ele achou engraçado, achou uma loucura mas ainda sim levou em tom de brincadeira como se alguém dissesse do nada pra ele na rua "eu te detesto" como se fosse um mostrar a língua pra quem você não gosta! Não, não se trata disso! É racismo e o cara é bem do tipo neonazista, isso é perigoso demais, não é engraçado.
Recebi a notícia de que minhas malas foram encontradas, está previsto de recebê-las amanhã, estou mais tranaquila agora e vou tentar esquecer esse carinha aí.



 

2 comentários:

  1. Olá Amanda...já li várias vezes o seu blog mas nunca deixei um comentário...quanta felicidade e tristeza no mesmo dia, mas isto é a vida, não é mesmo? Não existe algum órgão público de denúncia de racismo aí? Da próxima vez grave com o celular e faça uma denúncia porque racismo é um crime e as pessoas que o praticam são perigosas sim...vc tem razão. Aproveite bastante e continue nos presenteando com suas impressões e dicas de viagem...

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  2. Vou dar uma olhada e ficar mais atenta pra próxima vez que espero não existir. Obrigada Sandra

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