Esse trabalho apresenta uma ferramenta
de visualização de atividades urbanas que pode ser aplicada a qualquer ambiente
urbano contemporâneo, complexo e dinâmico. As cidades de Ouro Preto e Lausanne,
na Suíça, foram tomadas como estudo de caso para a criação de diagramas
topológicos de informações dinâmicas através de recursos tecnológicos do design
paramétrico. Esses, sobrepostos, permitem a análise de processos
congestionantes, picos de saturação e combinação de variáveis urbanas. Como
meio de visualização contemporâneo e dinâmico, necessita ser atualizado
constantemente, trazendo o chamado metaespaço para a realidade visível, o que
engloba questões de acesso a informações úteis em tempo real que torna as
pessoas capazes de tomar suas próprias decisões em sincronia com o urbano
compartilhado, a chamada negociação. O referencial teórico aborda
o entendimento das cidades contemporâneas a partir das contribuições da
filosofia pós estruturalista de Deleuze e Guattari onde entendemos as cidades
como uma rede/rizoma de subjetividades heterogêneas, não lineares e sem
unidade, da Teoria dos Sistemas de Ludwig von Bertallanfy, com contribuições
mais específicas do sistema aberto, entropia e cibernética e da computação
ubíqua de Mark Weiser, chamada aqui de tecnologia onipresente.
CIDADES CONTEMPORÂNEAS E FUTURAS
As cidades contemporâneas e futuras,
futuras aqui entendidas como cidades que se atualizam a todo o momento, onde se
torna impossível a delimitação entre o agora e o devir, são caracterizadas por
multiplicidades, ambientes em constante mutação onde desejo individual e
coletivo combina-se e modifica-se simultaneamente por estarem imersos em um
ambiente dinâmico e complexo, fruto de agenciamentos, intensidades, episódios
imprevisíveis, conexões e sobreposições das mais diferentes escalas e
naturezas. Já o planejamento moderno, produziu espaços rígidos,
padronizados, setorizados em funções, que evitavam a diversidade e
sobreposições, limitando-se em suas bordas pelo o fato de seu sistema não
considerar mudanças posteriores. Esse modelo vastamente difundido no século XX,
que optou por ignorar o aspecto dinâmico tanto da cidade quanto da tecnologia,
ainda orienta as práticas urbanísticas. Estamos inseridos em um ambiente
onde a tecnologia constitui outra camada da cidade e nos ajuda a compreender a
noção de território, podendo ser relativo tanto a um espaço vivido, quanto a um
sistema percebido no qual nos sentimos em casa, articulando aos outros
existentes e aos fluxos. Como exemplo de territórios que se configuram de
forma diferente para cada indivíduo da cidade o projeto Amsterdam REALTIME
equipou cerca de 60 residentes com GPS’s que traçaram seus movimentos num
período determinado. Podemos ver como o movimento de cada um no tempo forma um
novo mapa de fluxos relativo a cada usuário e ao fim a combinação de todos.
PROCESSOS EMERGENTES EM AMBIENTES
COMPLEXOS E REATIVOS
O entendimento das cidades como
manifestação de emergência (sistemas dinâmicos, complexos, adaptativos, autoorganizáveis)
é algo muito falado na contemporaneidade, mas facilmente identificado em
assentamentos tradicionais e informais, como as favelas. O indivíduo como
componente base da multidão, da inteligência coletiva, é ativador dos processos
emergentes, o negociador no micro espaço, chamado espaço dos acontecimentos,
como na Instant City proposta pelo Archigram. Essa cibercidade chega em cidades
periféricas trazendo a dinâmica temporária de grandes metrópoles através de
eventos com suporte tecnológico, produzindo um outro tempo e permitindo
infiltração de outras dinâmicas, estabelecendo novas conexões por onde passa,
deixando rastros. Trata-se de uma infraestrutura leve que promove interação
entre indivíduos e de um espaço que emerge dos acontecimentos. A partir do
entendimento de que cidades e softwares mostram uma lógica similar de
emergência, discute-se a utilização de tecnologia digital para modelar
cidades. O processo metodológico computacional adotado pelo Kokkugia, rede de
arquitetos australianos, na requalificação das docas de Melbourne, na
Austrália, se dá através de agentes que auto-organizam a matéria urbana e que
criam redes de circulação e infraestrutura através da programação da chamada
inteligência coletiva, ou swarm intelligence. Contudo o nosso foco está na
onipresença da tecnologia como mais uma camada do urbano compartilhado, uma
infraestrutura leve e agenciadora do espaço.
ENTROPIA, SATURAÇÃO E URBANO
COMPARTILHADO
A noção de entropia problematiza as
noções de saturação e congestão nas cidades, entendendo-se que todo sistema
sofre deterioração podendo chegar à entropia máxima, já que esta mede o grau de
desordem, no sentido de interação, chegando a uma movimentação tão grande que
culmina em um estado de paralisação. As situações de congestão ocorrem através
da sobreposição de diversas atividades simultâneas que ao aglomerar-se e
atingirem um alto nível podem levar à saturação, estado de paralisação no
urbano compartilhado, definido pelo compartilhamento de recursos urbanos, tais
como praças, ruas, parques, rios, ferramentas e infraestrutura, além de
práticas cotidianas nesses mesmos espaços. Assim como na física, o estado de
equilíbrio alcançado com a auto regulação através de entradas e saídas num
processo de realimentação do sistema, também pensamos o urbano compartilhado
quando saturado, trocando informações em tempo real, buscando linhas de fuga
para reequilibrar o sistema, com a utilização de aplicativos por exemplo.
Equilíbrio aqui não diz respeito a estabilidade mas sim a interação
constante do sistema. Assim, o compartilhamento urbano surge como
possibilidade de planejamento contemporâneo tomando partido da falta de
linearidade do sistema aberto e suas rupturas, atuando em situações de
saturação urbana tão recorrentes. A viabilidade desses compartilhamentos
depende de agenciamentos que atuam na multiplicidade agindo nas esferas macro e
micro política podendo combinar dispositivos tecnológicos e estratégias
tradicionais, como fez o Centro de Operações Rio (COR). Através de informações
fornecidas pelo aplicativo Waze, plataforma colaborativa de monitoramento
disponível em smartphones com GPS, é possível visualizar o fluxo do tráfego em
tempo real. A parceria do COR e a integração com o sistema de câmeras do
Geoportal possibilita definir a área de atuação dos agentes de trânsito, como
uma infraestrutura leve que faz a distribuição dos recursos, o chamado
urbanismo leve. O conceito de “shared space” através da remoção de sinalização
de tráfego, proposto pelo engenheiro de tráfego holandês Hans Monderman
modificou o planejamento de transporte. Motoristas e pedestres passaram a
negociar o espaço de locomoção através da interação e reação tornando as
cidades mais seguras sem o controle, pois motoristas passaram a ter mais atenção
nas pessoas reduzindo acidentes e diminuindo a velocidade do tráfego.
ESTUDOS DE CASO: OURO PRETO E LAUSANNE
Os estudos de caso, escolhidos a partir da graduação em Ouro Preto e estágio de seis meses em Lausanne são focados em atividades urbanas sujeitas às dinâmicas de congestão e saturação para se dar visibilidade através de diagramas topológicos. As cidades apresentam características comuns: localizadas em regiões de topografia acidentada, presença de instituições de ensino fundamentais para a economia que dinamizam processos urbanos, como acesso à moradia para uma população flutuante, acontecimento de grandes eventos de escalas e temas distintos e importantes centros históricos tanto pela questão patrimonial quanto principalmente pela imensa demanda devido aos seus usos variados, que definiram a delimitação da área de estudo já que nosso foco é o estado saturado, e passam ainda por um processo similar de expansão que exigiu a análise de outras áreas. Ouro Preto possui duas centralidades: centro histórico aglutinador de funções com atividades comerciais, de serviços e lazer reforçado pela presença de museus e igrejas, donde o estado saturado é facilmente percebido em eventos de grande porte, durante todo o ano que convergem grande parte dos recursos urbanos para um acontecimento específico, como o Carnaval universitário. E Bauxita, marcados pelo crescimento relacionado à ocupação de estudantes que buscam a proximidade ao IFMG e à UFOP. Essa área de expansão carrega uma infraestrutura que a área central e turística não comporta, atuando como uma linha de fuga à congestão urbana. O estado saturado é observado em situações cotidianas de menor escala através do plano de mobilidade inadequado e ineficiente perigoso para os pedestres e para o próprio patrimônio arquitetônico. Os táxis lotação, as caronas solidárias configuram se como meios alternativos integrados à cidade, os quais ajudam a desafogar o trânsito através do compartilhamento de uma infraestrutura coletivamente disponível, assim como as repúblicas. Entretanto, não demonstra aplicação de agenciamentos eficazes no urbano compartilhado devido às situações que geram paralisação do seu sistema. Projetos e ações inovadoras que buscam melhorias como o plano de mobilidade, a proposta da Startup LocateBus com a implantação de GPS e controle da frota de ônibus em tempo real e a Rede de mobilização social Minha Ouro Preto ainda estão em processo e demonstram a busca por uma cidade mais conectada e colaborativa. Lausanne capital política do Cantão de Vaud e capital olímpica mundial apresenta uma população flutuante marcante, principalmente pelo enorme quantidade de estrangeiros. Devido à presença das universidades UNIL e EPFL o pico de chegadas ocorre no mês de setembro, donde se torna extremamente difícil conseguir moradia. Por isso a migração para regiões adjacentes, como linha de fuga à saturação habitacional, além do compartilhamento como solução, através das colocations, similares às repúblicas. O bairro centro é a principal centralidade com crescimento moderado devido aos movimentos de expansão. A área é predominante mista de alta densidade com considerável zona histórica, aglutinadora de atividades comercial, serviços, negócios variados, hotelaria e forte densidade habitacional. Durante a semana o tráfego pendular de casa para o trabalho/ educação e vice versa constitui o primeiro motivo de deslocamento, o lazer destaca se na somatória final. Tratando se de um centro empresarial, os deslocamentos com destino à cidade originam se de dentro da mesma e de outros distritos e cidades, gerando certa aglomeração em frente à estação central e conflitos entre pedestres e motoristas. Contudo, a mobilidade urbana é eficiente com zonas de pedestres e através de uma infraestrutura urbana e rede de transporte público conectado atualizável em prol do usuário. O carsharing combina a pontualidade do transporte ferroviário com a flexibilidade do carro, e existem projetos paralelos que aprimoram a mobilidade, como o BestMile que opera frotas heterogêneas de veículos por operações em tempo real baseadas em localização e algoritmos otimizadores. O turismo possibilita mais de um milhão de pernoites no setor de hotelaria, e é ainda favorecido pelas numerosas atividades culturais, esportivas e lazer, pelo desenvolvimento do comércio e da vida noturna. Vários aplicativos disponíveis para os mais diversos fins encontram se integrados ao estilo de vida da população, como o da Ferrovia Federal Suíça e do Transporte Lausanne que além de fornecer informações referentes às alterações no trânsito e problemas técnicos integra se aos eventos, reprogramando a rota com antecedência e informando os usuários. Para complementar a eficácia da utilização desses aplicativos existem pontos de Wifi gratuito nos principais espaços públicos da cidade.
ESTUDOS DE CASO: OURO PRETO E LAUSANNE
Os estudos de caso, escolhidos a partir da graduação em Ouro Preto e estágio de seis meses em Lausanne são focados em atividades urbanas sujeitas às dinâmicas de congestão e saturação para se dar visibilidade através de diagramas topológicos. As cidades apresentam características comuns: localizadas em regiões de topografia acidentada, presença de instituições de ensino fundamentais para a economia que dinamizam processos urbanos, como acesso à moradia para uma população flutuante, acontecimento de grandes eventos de escalas e temas distintos e importantes centros históricos tanto pela questão patrimonial quanto principalmente pela imensa demanda devido aos seus usos variados, que definiram a delimitação da área de estudo já que nosso foco é o estado saturado, e passam ainda por um processo similar de expansão que exigiu a análise de outras áreas. Ouro Preto possui duas centralidades: centro histórico aglutinador de funções com atividades comerciais, de serviços e lazer reforçado pela presença de museus e igrejas, donde o estado saturado é facilmente percebido em eventos de grande porte, durante todo o ano que convergem grande parte dos recursos urbanos para um acontecimento específico, como o Carnaval universitário. E Bauxita, marcados pelo crescimento relacionado à ocupação de estudantes que buscam a proximidade ao IFMG e à UFOP. Essa área de expansão carrega uma infraestrutura que a área central e turística não comporta, atuando como uma linha de fuga à congestão urbana. O estado saturado é observado em situações cotidianas de menor escala através do plano de mobilidade inadequado e ineficiente perigoso para os pedestres e para o próprio patrimônio arquitetônico. Os táxis lotação, as caronas solidárias configuram se como meios alternativos integrados à cidade, os quais ajudam a desafogar o trânsito através do compartilhamento de uma infraestrutura coletivamente disponível, assim como as repúblicas. Entretanto, não demonstra aplicação de agenciamentos eficazes no urbano compartilhado devido às situações que geram paralisação do seu sistema. Projetos e ações inovadoras que buscam melhorias como o plano de mobilidade, a proposta da Startup LocateBus com a implantação de GPS e controle da frota de ônibus em tempo real e a Rede de mobilização social Minha Ouro Preto ainda estão em processo e demonstram a busca por uma cidade mais conectada e colaborativa. Lausanne capital política do Cantão de Vaud e capital olímpica mundial apresenta uma população flutuante marcante, principalmente pelo enorme quantidade de estrangeiros. Devido à presença das universidades UNIL e EPFL o pico de chegadas ocorre no mês de setembro, donde se torna extremamente difícil conseguir moradia. Por isso a migração para regiões adjacentes, como linha de fuga à saturação habitacional, além do compartilhamento como solução, através das colocations, similares às repúblicas. O bairro centro é a principal centralidade com crescimento moderado devido aos movimentos de expansão. A área é predominante mista de alta densidade com considerável zona histórica, aglutinadora de atividades comercial, serviços, negócios variados, hotelaria e forte densidade habitacional. Durante a semana o tráfego pendular de casa para o trabalho/ educação e vice versa constitui o primeiro motivo de deslocamento, o lazer destaca se na somatória final. Tratando se de um centro empresarial, os deslocamentos com destino à cidade originam se de dentro da mesma e de outros distritos e cidades, gerando certa aglomeração em frente à estação central e conflitos entre pedestres e motoristas. Contudo, a mobilidade urbana é eficiente com zonas de pedestres e através de uma infraestrutura urbana e rede de transporte público conectado atualizável em prol do usuário. O carsharing combina a pontualidade do transporte ferroviário com a flexibilidade do carro, e existem projetos paralelos que aprimoram a mobilidade, como o BestMile que opera frotas heterogêneas de veículos por operações em tempo real baseadas em localização e algoritmos otimizadores. O turismo possibilita mais de um milhão de pernoites no setor de hotelaria, e é ainda favorecido pelas numerosas atividades culturais, esportivas e lazer, pelo desenvolvimento do comércio e da vida noturna. Vários aplicativos disponíveis para os mais diversos fins encontram se integrados ao estilo de vida da população, como o da Ferrovia Federal Suíça e do Transporte Lausanne que além de fornecer informações referentes às alterações no trânsito e problemas técnicos integra se aos eventos, reprogramando a rota com antecedência e informando os usuários. Para complementar a eficácia da utilização desses aplicativos existem pontos de Wifi gratuito nos principais espaços públicos da cidade.
DA ESCOLHA À
VISUALIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS
A partir de similaridades e peculiaridades
que aproximam os estudos de caso, mesmo em se tratando de configurações urbanas
muitos diferentes, principalmente nas ações que gerem as atividades urbanas,
pudemos destacar algumas variáveis relativas às dinâmicas e processos que podem
ocasionar situações de congestão e saturação, sendo elas: mobilidade urbana,
relativa ao sistema de circulação e meios de transporte; uso, com foco na
capacidade e dinâmica do uso habitacional e hospedagem,através de movimentos
demográficos também e; grandes eventos, que atraem público considerável
modificando atividades cotidianas. Métodos dinâmicos e interativos de
construções de mapas e visualizações, transpondo os limites tradicionais de
representação cartográfica, através de uma constante realimentação de dados já
vem sendo desenvolvidos, como:
TRANSPONDO OS LIMITES TRADICIONAIS DA
CARTOGRAFIA: VISUALIZAÇÃO E REALIMENTAÇÃO DE DADOS
O pulso das
cidades, realizado através de dados coletados do aplicativo Foursquare durante
um ano com a pulsação de atividades em um dia, divididas por cores como mostra
o vídeo, onde pontos referemse a um único checkin e linhas a checkins
sequenciais. Através do API de integração do Twitter foram coletados por
um internauta termos referentes às manifestações sobre o passe livre e demais
reivindicações durante 24 horas.O resultado da visualização gerou conclusões
sobre mobilizações virtuais e conexão de certos grupos a movimentos sociais,
vandalismo ou canais colaborativos. Um grupo de pesquisadores de
diversas universidades no mundo ao criticar dados do censo, incapazes de
mostrar a variação da densidade e dinâmicas urbanas populacionais no tempo,
criou um método de mapeamento dinâmico populacional utilizando dados de
telefones celulares cedidos por um acordo com a operadora de telefonia móvel
Orange France e compararam aos dados recenseados, mostrando a possibilidade de incorporar
esta ferramenta à logística de censos e pesquisas. As corporações possuem
diversas ferramentas de processamento de dados através de algoritmos complexos
que realizam buscas e encontram as principais tendências e produtos para seus
usuários. Os API’s de integração permitem a utilização da base de dados de certas
corporações, porém os dados fornecidos são controlados e disponibilizados na
medida em que realimentem o banco de dados das mesmas.
MÉTODO DE CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DOS
DIAGRAMAS
A metodologia de coleta de dados partiu
de dados disponíveis em relatórios e pesquisas sobre as variáveis escolhidas,
porém muitos deles não foram facilmente conseguidos e a coleta de campo foi
necessária devido à inexistência ou indisponibilidade em certos casos, pois os
megadados são restritos às corporações e os microdados ao poder público e à
própria academia. Existe ainda uma diferença de disponibilidade nas duas
cidades, em Lausanne o acesso é disponível na rede devido a uma gestão
transparente marcada por ações contínuas no sistema urbano, já em Ouro Preto o
acesso é dificultado uma vez que informação é poder e a gestão urbana
deficiente não pode perder o controle dessa informação enquanto medidas não são
tomadas. O software escolhido para dar visibilidade aos dados e espacializá-los
no meio urbano, transformando números em diagramas topológicos foi o
Grasshopper, plugin do Rhinoceros, ferramenta de modelagem parametricamente
flexível que possibilita o desenvolvimento de algoritmos de design paramétrico
para criar modelos dinâmicos e relacionados a informações que podem variar. A
base para construção dos diagramas foram as divisões censitárias e estatísticas
da área central das duas cidades, contudo para a análise da mobilidade urbana
em Ouro Preto utilizou-se o zoneamento viário realizado pelo Instituto Rua
Viva, por abranger uma área maior, e tomando esta variável como exemplo, os
passos para implementação do algoritmo são os seguintes: seleciona-se os
polígonos das zonas em ordem de coleta de dados e encontra-se seus centros
geométricos. Esses pontos são movidos na coordenada Z, definida pelos valores
coletados resultando em um dos inputs da superfície de bézier, outro input são
as células do diagrama Voronói, criado pelos centros geométricos, cujo raio de
abrangência foi definido de acordo com cada variável. As outras duas entradas,
flexibilidade e número de vãos, são constantemente modificadas adaptando-se a
cada variável,controlando a curvatura da superfície a qual é transformada em
malha e desconstruída em componentes para que o gradiente de cores seja
aplicado à outra malha criada a partir dos vértices e faces dessa primeira.
O gradiente possui um limite mínimo e máximo e um parâmetro definido pela
desconstrução dos vértices da primeira malha em coordenadas X, Y, Z, porém a Z
que interessa na criação do gradiente para diferenciar o topo das topologias
das partes mais baixas, através de um domínio numérico com a lista de valores
de Z. Esse domínio é desconstruído para encontrar seu início e fim
estabelecendo o limite mínimo e máximo do gradiente. Os diagramas de
mobilidade urbana em Ouro Preto foram criados a partir dos dados de número de
chegadas e partidas no maior horário de pico (entre 17h e 19h) para o modo
individual motorizado e em um dia útil para o modo coletivo, por isso as
topologias nesse modo são mais acentuadas. As zonas utilizadas são as contidas
no distrito sede (1 a 15), sendo que a 15 foi excluída no modo individual e a 8
no coletivo por possuir número irrelevante de dados que dificultam a formação
dos diagramas. Dessas visualizações identificamos a Bauxita como área de
expansão dotada de recursos e infraestrutura pela proximidade com os grandes
equipamentos educacionais, Santa Casa, supermercado e outros serviços, gerando
grande fluxo de deslocamentos. O número de chegadas no Centro mostra como é ainda
o principal destino de moradia, além de manter o alto número de partidas em
ambos os modais devido a sua multifuncionalidade e conexões com as outras áreas
da cidade, o que justifica seu uso e procura pela população moradora e
flutuante. Uma vez que os dados representam movimentações dentro da
própria zona e entre zonas identificamos o centro como principal destino de
todas as outras e o maior número de passageiros dessa área se desloca dentro da
mesma e os que partem se destinam em sua maioria à Bauxita. Os
deslocamentos nas zonas periféricas no modo coletivo são maiores, já no modo
individual motorizado, mantêm-se estáveis e em menor número, o que auxilia na
identificação da renda populacional nessas áreas. O pico de chegadas na
área central vaza para fora do diagrama e precisou ser corrigido manualmente
uma vez que o algoritmo calcula o ponto mais alto do pico, mas a superfície de
bézier não consegue ser formada, porque depois de realizada a divisão espacial,
a célula de voronói correspondente à área central torna-se muito pequena em
relação ao volume de dados. Na prática mostra a saturação, pois se trata de uma
área muito pequena recebendo pessoas de todas as áreas com um volume de
deslocamentos extremamente maior que as outras zonas, enquanto que na Bauxita
os deslocamentos, apesar de muitos, não se concentram exclusivamente no horário
de pico. Os diagramas de capacidade de moradia e hospedagem de 48
repúblicas federais e particulares possibilitam uma análise mais pontual dentro
da área de estudo. Percebemos maior concentração na Paraná, o pico na Praia
trata-se de duas repúblicas federais juntas, em andares diferentes. No
carnaval a capacidade de hospedagem é visivelmente multiplicada e aumenta tanto
que mais uma vez identificamos o mesmo comportamento da superfície de bézier em
não conseguir formar-se devido à altura do pico muito maior que a área ocupada
por uma república da Paraná na divisão espacial, o que pode ser encarado como
analogia ao processo de aglomeração: o compartilhamento da infraestrutura
coletivamente disponível é multiplicado potencialmente afetando outras
atividades urbanas, como o abastecimento de água e mobilidade urbana. Dessa
forma as repúblicas assumem uma abrangência muito maior que sua formação
inicial por necessidade de usufruir multiplicadamente dos recursos urbanos. Percebe-se
que nas regiões Praia, Brejo e Paraná as repúblicas são dominantes quanto ao
volume de hospedagem, porém nas Lages existe uma quantidade maior de hotéis
que, abrangem uma área maior. O caminho perceptível da Rua Direita em direção à
Vila é visivelmente marcado por grande capacidade de hospedagem dos hotéis, por
serem duas regiões muito próximas da Praça Tiradentes, onde ocorre grande parte
dos eventos do carnaval de rua. Em relação aos grandes eventos, essa
topologia mostra capacidade de público em festas de repúblicas no carnaval e da
área onde ocorrem as micaretas com volume de público que extrapola o diagrama.
A república Quitandinha se destaca por sua localização afastada de outras
repúblicas e por sua área de festas duas vezes maior que a maior capacidade das
outras. Já na Paraná as curvaturas são mais acentuadas por ser uma área repleta
de repúblicas e ter grande capacidade de festa para uma área relativamente
pequena. O Festival MIMO concentra-se mais na Praça Tiradentes devido
aos shows e concertos, eventos que atraem grande público, o CINEOP no Centro e Convenções,
pois lá ocorrem diferentes atividades: seminários, oficinas, sessões de filmes
e o bar durante a noite. Já para o Fórum das Letras fizemos dois diagramas dois
dias mais representativos do evento. De todos eles observamos diversidade de
equipamentos culturais na região central que possibilitam os grandes eventos de
diferentes naturezas: espaços públicos como a Praça Tiradentes, Largo do Cinema
e Praça da UFOP que é parte do Centro de Convenções, este assim como a Tenda da
Vale, na estação ferroviária, e o Espaço FIEMG são alugados para eventos
específicos. Já o Cinema, e as igrejas São Francisco e Pilar atendem o público
local e turístico cotidianamente além de ceder seus espaços para a realização
desses eventos, assim como outros museus, bibliotecas e espaços culturais que
atraem público turístico como centro ativo cuja infraestrutura é muito
demandada. Por isso, observa-se algumas vezes a saturação desse sistema
urbano. Os diagramas a seguir referem-se à Lausanne. Esses da mobilidade
urbana e suas modalidades de transporte permitem uma representação mais focada
na área de estudo e compreensão as dinâmicas internas. A primeira topologia representa
a contagem automática por dia de veículos motorizados feita em paradas com
sinalização semafórica. Avenue du Léman (maior pico) e Rue Dr. CésarRoux
são vias arteriais conectando a região central a municípios e distritos
adjacentes, já os outros dois pontos mais altos, as ruas GrandPont e Centrale,
ligam-se entre as regiões conhecidas como Flon e St.François, que são as
mais movimentadas em todos os modais por concentrarem grande quantidade de
serviços como bancos, correio, escritórios e comércio em geral, além dos
atrativos turísticos. O diagrama de viajantes diários da linha de
metrô m2 e da linha LEB que conecta Lausanne aos municípios do norte, aponta os
picos da Gare, por dar acesso a estação ferroviária central que liga Lausanne
às outras regiões da Suíça e novamente o Flon, o mais elevado porque além de
fazer parte da trajetória da linha m2, a linha LEB engloba apenas duas
paradas na cidade, Chauderon e Flon, das quais este é a estação de
partida/chegada, portanto uma centralidade consolidada e importante ponto
de conexão (21:36) O fluxo de pessoas em ônibus nas maiores pontes do
centro em horário de pico da manhã, por ser o maior e não média diária
como os outros, não permite uma comparação direta entre os volumes
anteriores. Contudo, o relatório Observatoire de la mobilité 2013 indica
que na Pont Bessières o volume de transporte individual motorizado é
muito maior que de transporte público, enquanto que na PontChauderon a
diferença é menor e na GrandPont o modo coletivo supera o individual. O
fluxo de pedestres em horário de pico da tarde evidencia a importância das
estações Flon e Gare como interface de deslocamento de pedestres. Já o fluxo
diário de ciclistas mesmo muito menor que os outros meios dobrou nos últimos 12
anos. As distâncias percorridas em transportes individuais motorizados
são menos importantes em Lausanne, visto que são cobertos por outros meios.
As topologias a seguir referem-se à
movimentação demográfica entre os 10 setores contidos na área de estudo
e a porcentagem de ocupação dos hotéis durante o ano dos quais nota-se
que em St. François onde se localiza a Rue Centrale o número de movimentações
demográficas é muito superior e mais chegadas que de partidas. No total, as
movimentações nessa região como um todo são maiores que de todas as outras, o
que mostra que mesmo que a população cresça devido ao maior número de chegadas,
muitas pessoas se deslocam para outras áreas de Lausanne, enquanto mais pessoas
chegam, marcando a dinâmica da população flutuante. A ocupação dos hotéis
mostra que as movimentações são mais intensas no terceiro trimestre devido ao
calendário acadêmico, uma vez que grande parte da população é estrangeira e
precisa se hospedar em hotéis quando de sua chegada. Por causa das
movimentações entre setores essa área embora congestionada não se satura,mesmo
concentrando maior parte do núcleo histórico com sobreposição de usos e
infraestruturas que fazem deste setor o mais demandado, assim como em
Ouro Preto.
O último conjunto refere-se ao número
de visitação de dez museus e espaços de exposição na área central relacionados a
eventos que convergem público para as exposições, desses dez o Palais de
Rumine, em Riponne, agrupa cinco por isso o pico mais alto. A primeira
topologia mostra o volume de visitantes durante o evento La Nuit des Musées,
que ocorre em um dia do mês de setembro. Os seguintes mostram respectivamente o
número de visitação durante os trimestres do ano de apenas oito desses museus,
donde se percebe que a diferença de visitação entre um dia de grande evento e
durante os trimestres não é tão grande, provando que eventos como esse atraem
quantidade expressiva de público que usualmente não freqüenta museus e exposições.
O terceiro trimestre possui os maiores picos, inclusive o referente ao
Palais de Rumine apresenta o mesmo comportamento em relação à formação da
superfície de bézier que não conseguiu ser formada e extrapola o diagrama
porque a contagem de público de La Nuit des Musées está contida e ainda ocorre
outro evento em setembro, a Journée Du Patrimoine, que reúne vários museus. O
Festival BDFil também em setembro acontece no Espace Arlaud, o que colabora
para maior número de visitantes no total. Dos outros trimestres o
primeiro é maior devido a outros eventos de menor porte, como o Ciné au Palais,
no Palais de Rumine no mês de fevereiro e o Pakomuzé, em abril, confirmando a influência
desses eventos.
CONCLUSÃO
Pela análise dos diagramas concluímos
que mesmo com picos muitos altos em Lausanne, como na movimentação demográfica,
podemos afirmar pela análise que as atividades urbanas levantadas são mais
distribuídas e melhor divididas espacialmente na cidade suíça, devido ao
planejamento que prevê agenciamentos integrados ao sistema urbano e que são
assimilados e melhorados pela inteligência coletiva, os quais relacionam
projetos de melhorias e obras urbanas com o urbanismo leve, que agencia espaços
e coisas por meio da tecnologia como mais uma camada do ambiente, através dos
aplicativos, do georreferenciamento que permite informações em tempo real e compartilhamentos
diversos que foram abordados, um processo contínuo de retroalimentação entre
gestão pública e inteligência coletiva. Já em Ouro Preto as práticas que
visam agenciamentos espaciais ainda encontram-se muito isoladas refletindo no
resultado dos diagramas que em sua maioria permitiram identificar
processos congestionantes e de saturação. Esses diagramas topológicos
auxiliaram na interpretação dessas atividades, contudo são representações ainda
limitadas diante da dinamicidade das cidades contemporâneas que precisam de
técnicas tão dinâmicas quanto para ser capazes de representar sua constante
mutação, por isso são parte de um processo a ser melhorado através de
curvaturas que se modificam instantaneamente. Para tanto é importante ressaltar
que visualizações mais dinâmicas como ferramenta de negociação da inteligência
ou até mesmo a ser incorporada pelo poder público para uma gestão mais
eficiente do urbano compartilhado dependem da fonte e volume de dados. Os
dados que utilizamos são marcados pela delimitação de interesses daqueles que produziram
os relatórios e pesquisas, impedindo uma abordagem mais abrangente, por isso
dados corporativos e do poder público são importantíssimos para o design de situações,
elaboração e atualização constante de diagramas para análises urbanas que possam
contribuir com políticas públicas e agenciamentos que busquem reverter quadros
de saturação e paralisação nas cidades.
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